quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Mídia Ninja: uma nova experiência jornalística

No bojo das jornadas de junho, surgiu, como contraposição do modo consolidado de fazer jornalismo, uma experiência que, por suas práticas e propostas inovadoras, merece destaque nessa análise.
Essa experiência é a Mídia Narrativa Independente de Jornalismo e Ação (Ninja). A mídia ninja existe desde 2011, e foi criada dentro da estrutura da Casa Fora do Eixo, uma rede de colaboração social entre seus participantes, com o objetivo de cobrir eventos culturais com pouco espaço na grande mídia. As jornadas de junho foram a oportunidade de expandir esse formato, constituindo-se como uma ferramenta dos ativistas de contrapor o discurso construído pela mídia.
A prática dos Ninjas é muito simples. Cada ativista provido de um smartphone, um laptop, duas câmera, geradores, microfones  e uma rede de conectividade transmite ao vivo os protestos, sem possibilidade de edição jornalística e seleção dos fatos desejados. A cobertura é direcionada conforme os acontecimentos, sem pauta determinada.
A produção Ninja parte do princípio que” ativismo e comunicação são inseparáveis”. Como  comenta um dos Ninjas, Rafael Vilela, que cobriu as manifestações em entrevista à Revista Piauí  “entramos em lugares que a mídia convencional não vai. Damos voz direta aos personagens, sem intermediários”.
Essa característica, “sem intermediários”, talvez seja o que de fato, traça a personalidade singular da cobertura Ninja. Sem a possibilidade de manipular um fato, a produção jornalística se aproxima da realidade. Em muitos casos de junho, a Mídia Ninja, muito por causa dessa característica, foi utilizada como forma de denúncia da truculência policial. A prisão de muitos protestantes foi capturada pela câmera e transmitida em tempo real via stream. Dessa forma, a tuação desse meio de comunicação possibilitou também a ação de outros agentes, como advogados que imediatamente se dirigiam às delegacias para soltar as pessoas.

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